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sábado, 5 de maio de 2007

Comprando o tempo

Comprando o tempo - www.samuelbonette.blogspot.com
É interessante a forma como o ser humano lida com o tempo. Um ditado muito velho já disse: "Tempo é dinheiro". Se essa é uma verdade, não tenho o gabarito necessário para avaliar, mas duas coisas são certas: se tu estás perdendo tempo, tu estás perdendo dinheiro; e sempre que tu não estiveres ganhando dinheiro, com certeza tu estarás gastando dinheiro.

A primeira sentença se faz uma verdade na medida em que, se tu estiveres fazendo algo inútil, esse tempo ocupado para isso poderia ser destinado para um determinado serviço. Por exemplo: em vez de ficar em frente à uma TV, procurando algo de bom para ver (o que, no caso de TV aberta, é raro), eu poderia estar trabalhando em algo, ou então, lendo ou estudando, para adquirir conhecimentos que podem ser imediatamente ou nem tão imediatamente assim, úteis.

A segunda sentença se confirma da seguinte forma: usando ainda o exemplo anterior, ao ficar em frente à TV, eu estarei, no mínimo gastando energia, o que significa um gasto desnecessário. Para confirmar a minha tese, eu ainda posso usar outro exemplo: ao ir dar uma volta, estarei gastando, no mínimo, energia, que eu adquiro ao me alimentar, e a sola dos sapatos. E dinheiro, se os livros e as aulas de História não me mentiram, sempre foi uma preocupação do ser humano. 


O dinheiro se faz importante pelo poder que ele confere à quem o possui. Quem tem o dinheiro, pode quase tudo. Tudo o que estiver à venda, ele pode possuir: automóveis, imóveis, roupas, perfumes, jóias, calçados, terrenos, utensílios, móveis, enfim, uma série de coisas úteis e outras nem tão úteis assim, mas que conferem ao ser humano uma sensação de bem-estar e de conforto. Justamente por poder comprar muitas coisas, o dinheiro atrai os seres humanos; consequentemente, possuir muitos bens dá à qualquer ser humano um poder de atração, sedução e magnetismo muito grande. As pessoas se sentem atraídas por outras que possuem muito dinheiro. 


Como eu disse acima, o dinheiro pode quase tudo. Há coisas que o dinheiro não pode comprar. A felicidade é um exemplo disso. Se fizermos uma pesquisa, e perguntássemos às pessoas: "O que tu gostarias de ser?" , provavelmente a grande maioria delas diria em primeiro lugar: "Ser feliz", e em segundo: "Ser rico". Como já disse Homer J. Simpson: "Você pode ter todo o dinheiro do mundo, mas há algo que jamais poderá comprar: um dinossauro!". 


É.. não queremos nenhum dinossauro, até porque dentro da ciência há forte controvérsia sobre a existência dos mesmos, e mesmo se eles existiram, de fato, e os quiséssemos, jamais poderíamos tê-los, por um simples fato: eles não existem; para tê-los teríamos de voltar no tempo, e essa é mais uma das coisas que o dinheiro não compra, e jamais poderá comprar.


O tempo não tem preço. Muito embora possamos manipulá-lo parcialmente, para que ele pareça passar mais rápido, ou então, para que alguém perca um determinado horário, não podemos mudar o que já passou. Podemos planejar o tempo futuro, e mesmo assim nem tudo sai conforme esperamos, pois as coisas que ainda não aconteceram estão por vir, quando acontecem se tornam presente, e rapidamente, passado. Desta forma, o tempo é cruel conosco. Ainda na relação tempo x dinheiro, eu me pergunto se é melhor termos tempo ou dinheiro. Normalmente, quando temos um não temos o outro. Os dois não conseguem coexistir por muito tempo.

Recentemente, assisti ao filme Click, com Adam Sandler, e confesso que o mesmo me deixou muito impressionado. Quem assistiu ao filme, sabe do que eu estou falando, e quem não assistiu, é uma ótima opção. O filme trata da relação entre tempo, família e trabalho. Na história, Michael Newman, que é interpretado por Adam Sandler, é um cara muito ocupado com o trabalho. O objetivo dele é subir na vida, para dar uma vida boa à família. Logicamente, para isso, ele prioriza muito o trabalho em detrimento da família. 


Certo dia, ele recebe um controle que tem um poder especial: controlar o tempo. Pode-se, com esse controle, voltar no tempo, e também avançá-lo, de acordo com a necessidade. Com as escolhas que ele faz, acaba perdendo a sua família e tudo mais o que lhe é importante, fazendo um caminho inverso àquele planejado por ele inicialmente. Usando esse exemplo (obviamente, uma ficção, mas que não é um absurdo) dá para se ter uma idéia do que é mais importante, no fim das contas. 


Hoje em dia, as pessoas estão sem um senso do certo e errado; parece até que o certo é errado, e o errado, certo. Ninguém tem um limite: se dá importância extrema ao trabalho e ao dinheiro, e nenhuma importância a outras coisas tão importantes ao homem quanto o primeiro: o lazer, o amor, o carinho, o descanso. A Humanidade entrou num processo onde o tempo é realmente dinheiro, e tem de se ganhar dinheiro a qualquer custo. Não condeno a busca de riquezas, o trabalho, e o apreço pelo conforto, e outras facilidades que o dinheiro nos confere. 

A frase que diz: "O dinheiro é a raiz de todos os males" na minha opinião é errada. Muito pelo contrário, acho importante e dignificante ter um trabalho e buscar sempre evoluir financeiramente; eu mesmo busco isso. Eu estou estudando, trabalho e quero ter mais na vida. Já me surpreendi muitas vezes falando: "Querendo ou não, tudo gira em torno de grana", o que não é necessariamente uma verdade. Se isso satisfizesse, se isso nos fizesse sentirmos felizes e completos, não haveria tantas pessoas ricas se suicidando, matando seus pais e cônjuges.


Por outro lado, tenho visto muitas pessoas que trabalham duro, ganham pouquíssimo, e ainda assim são muito felizes, deitam em suas camas e dormem sem problemas algum. Em uma época em que o tempo está se tornando mais importante do que o dinheiro, a melhor utilização possível desse bem se torna algo imprescindível para qualquer humano. Temos de saber administrá-lo para que não venhamos a perder a noção que, para um tanto de horas trabalhadas, temos de ter um tempo de descanso, a fim de rendermos o máximo possível quando chegar a hora de trabalharmos novamente. 

Como as duas coisas são deveras importantes, e uma complementa a outra, logo se verá que não há como ir nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Há que se achar o equilíbrio entre as duas coisas, e, resolvido esse problema, ainda temos pela frente a busca pela felicidade, que não reside no próprio ser humano.

Samuel Bonette