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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Os melhores discursos de toda minha vida

Os melhores discursos de toda minha vida - www.samuelbonette.blogspot.com
De fato, meus melhores discursos jamais foram proferidos. Os mais eloquentes, comoventes, enriquecedores e questionadores argumentos jamais saíram do meu pensamento, em razão do hábito de ficar imaginando o que responder, quando me falam alguma coisa. 



Ainda hoje pedi ajuda a uma pessoa e esta se mostrou reticente em me ajudar. Perguntou: 




- Se eu não for vai fazer falta? Tenho mesmo que ir? 




Nada respondi. Absolutamente nada. Mas em minha mente formulei um discurso arrebatador! Ele começava da seguinte forma: 




- A pergunta não é esta. A pergunta que tu tens a fazer a si mesmo é: Eu quero ir? Porque sem vontade não fazemos nada. E mesmo a pior tarefa se torna algo pequeno e irrisório quando temos gana de fazer aquilo.




Contudo,  enquanto formulava este discurso me ocorreu que muitas vezes dizemos sim quando queremos dizer não, e outras dizemos não quando queríamos dizer sim. São situações que nos ocorrem por conta das peças que a vida nos prega, quando empenhamos nossa palavra ou atitudes com pares que formamos. Por vezes, numa aliança, optamos por fazer aquilo que não desejamos, abrindo mão de nossos próprios interessem em favor de outrem. É como naquela situação em que uma pessoa vai cuidar de seu tio que lhe humilhou e menosprezou a vida toda, mas que agora, em sua velhice, não tem ninguém para cuidar dele.




Nobres pessoas, com apuradíssimo senso de dever e amor. Pessoas de profunda e complexa composição, donos de sentimentos e desdobramentos insondáveis e não conhecíveis. Destes quero me manter próximos. Não quero estar próximos a pessoas fúteis que consigo identificar seus cerceamentos em apenas cinco minutos de conversa. 




De fato, sempre guardarei meus melhores discursos. Mesmo pérolas nada valem se lançadas aos porcos.




Samuel Bonette

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Está ruim? Pode piorar...

Bom, ruim, melhor, pior - www.samuelbonette.blogspot.com
O ruim nem sempre é o pior. Constatação óbvia, podem até dizer alguns, mas nem sempre é tão óbvia. Ruim é, por definição, algo desagradável, mau, que não presta. Pior é aquilo que de mais desagradável poderia ocorrer. Dentre todas as opções, a mais infame, insensata, imprudente ou desacertada. Obviamente que sempre tentamos acertar, mas por diversas vezes acabamos piorando tudo. Temos vários exemplos nos quais foram feitas mudanças, a título de melhoria, mas estas vieram a causar ainda mais transtornos do que havia anteriormente.

Um exemplo rápido: o pão francês, vulgo cacetinho, era vendido no país inteiro por unidade. Alguns lugares cobravam R$ 0,20, outros R$0,15, outros R$ 0,30, e os mais baratos cobravam R$ 0,10. Tempo bom, não? Não era isto o que pensavam os legisladores brasileiros: fizeram uma lei determinando que todos os estabelecimentos comerciais passassem a vender o referido pão a quilo, alegando que os valores praticados eram incoerentes, uma vez que cada lugar fazia o pão com tamanho conforme achasse melhor. Resultado: hoje compramos pão por R$ 0,40, R$ 0,50, R$ 0,45, e os mais baratos por R$ 0,30 (bastando para isto dividir o valor total pelo número de unidades). Um verdadeiro absurdo, uma triste realidade, um real exemplo do que mencionei acima: o ruim nem sempre é o pior.

Estas situações ocorrem normalmente quando não conhecemos a essência, somente o procedimento. Não sabemos por qual motivo isto é feito assim e por qual motivo aquilo é feito de outra forma; quando temos ciência somente das relações entre causa e efeito, mas desconhecemos o que ocorre entre uma ponta e outra, entre o input e o output. No momento em que somos questionados e não sabemos porque fazemos, passamos a ser questionadores também, e a tendência é abandonar o comportamento. Exatamente neste ponto é que mora o perigo, pois algo aparentemente pequeno ou insignificante pode mudar o rumo de toda uma vida, as convicções, comportamentos e até destinos. 



Quando desconhecemos a essência, estamos sempre sujeitos o ser pegos de surpresa pelos questionamentos da vida e ficarmos sem respostas. O trem da vida não para porque tem alguém perdido no meio dos trilhos. Outro comportamento comum nestes casos é se apegar a regras; comumente, quando esta surgiu, foi por que chegou-se à conclusão que determinado procedimento era o mais eficaz para atingir determinado resultado; entretanto, com o tempo, o conhecimento vira mero treinamento, e o procedimento, que deveria ser um meio, torna-se o fim, virando assim alvo de imutabilidade adquirida. O foco recai sobre o procedimento, e não sobre o objetivo final, esvaziando de sentido e engessando desnecessariamente as coisas.



Portanto, sempre que levantamos um questionamento devemos ser tão sinceros quanto for possível, pois além de gerar até alguma desorientação no questionado, podemos também levar a uma mudança de comportamento que tornará tudo ainda mais caótico do que já é. Devemos questionar sim, para que tenhamos a chance de melhorar, mas evitar a questão leviana e infundada, e especialmente ter muito cuidado ao tomar qualquer decisão, pois delas partem os caminhos da vida.



Samuel Bonette

domingo, 8 de maio de 2011

Aquela pedrinha no sapato...

Pedra, sapato, perspectivas, vida - www.samuelbonette.blogspot.com


Existe uma expressão chamada "pedra no sapato". Normalmente se refere a alguma coisa que impõe dificuldades a outrem. É uma expressão bastante utilizada, especialmente quando em competições. "Fulano é a pedra no sapato do Sicrano" - normalmente é a frase proferida. 

E, de fato, uma pedra no sapato incomoda. Fica aquela situação de desconforto ou irritação intermitente, dói quando pisa, incomoda quando o pé está no ar, é uma sensação horrível. Me lembro até de uma vez na qual um empregado de meu pai relatou que seu pequeno filho estava reclamando de algo dentro de seu tênis, e quando foram ver, era uma aranha que estava dentro do tênis, que por sorte não conseguia se virar para picar seu filho. Evidentemente que uma pedra no sapato é uma situação bem menos perigosa, mas não menos preocupante.

Todavia, o que mais me chama a atenção não é o fato da pedra incomodar tanto, mas sim o tamanho desta pedra. A pedra do sapato normalmente tem um tamanho pequeno. Fora do sapato ela é totalmente inofensiva; não se poderia atirá-la em alguém ou animal, em auto-defesa, pois não surtiria efeito; não se poderia atirar a pedra num pássaro ou ave qualquer, num momento de necessidade, para matar e comer a ave, pois não a abateria. A pedra é pequena demais, tão pequena que mesmo seu peso não seria suficiente para esmagar uma formiga. Não se pode fazer absolutamente nada com esta pedra, a não ser desprezá-la. A pedra no sapato é algo insignificante enquanto pedra.



Porém, esta mesma pedra dentro do sapato incomoda demais. Isto me leva a concluir que, por ser insignificante fora do sapato, desprezamos-na, quando deveríamos entender que ela se torna incomodativa dentro do sapato justamente porque a desprezamos fora dele. Se fosse uma pedra de tamanho considerável, ao vermos a mesma dentro do sapato, imediatamente a retiraríamos, pois com certeza nem seríamos capazes de calçar o sapato. 



Entretanto, por seu pequeno tamanho, nem mesmo a notamos, e se vemos, desprezamos-na. É interessante como algo tão pequeno pode se tornar tão grande. A segunda conclusão que tiro é que a pedra incomoda porque o sapato é do tamanho do pé, ou pouca coisa maior. Se o sapato fosse maior que o pé provavelmente também não incomodaria. A questão é que o sapato é do tamanho do pé, e não há espaço dentro dele para nada além do próprio pé; nem para uma minúscula pedra.

Considerando o sapato como sendo nossos caminhos, e as pedras aqueles obstáculos que encontramos, por diversas vezes o que mais nos incomoda não são as coisas grandes, mas sim as pequenas. No filme "Ele não está tão a fim de você", por exemplo, ocorre uma situação de separação entre um casal porque o esposo esconde de sua cônjuge um velho hábito de fumar, e não porque ele a havia traído. Ela era capaz de perdoar uma traição, mas não o fato de ele esconder um hábito.

Da mesma forma, quando encontramos grandes obstáculos, damos importância a eles, bolamos formas de enfrentá-los, enfrentamos, nos dispomos ao esforço e vencemos; quando não os vencemos, ainda assim reconhecemos que perdemos para um grande obstáculo. Agora, os pequenos nos passam desapercebidos, são desprezados, são ignorados, são perigosamente deixados para depois, e estes são justamente os que por vezes nos derrubam, fazendo sofrer, nos irritando e roubando a paz. 

Estes podem ser da mais diversa natureza: palavras atravessadas, pessoas que nos irritam, diferenças de idéias, times rivais, simples gestos, um quadro torto, enfim, um leque infinito de opções. Precisamos urgentemente remover as pequenas pedras dos sapatos, ou então encontrarmos sapatos maiores. Se não fizermos um ou outro, vamos sofrer demasiadamente por coisas pequenas.

A boa notícia é: não há maior sensação de alívio em nossa caminhada do que uma pedra, a pequena pedra, retirada do sapato.

Samuel Bonette

domingo, 24 de abril de 2011

Mudança de quatro estações

Mudança de quatro estações - www.samuelbonette.blogspot.com
Está chegando o inverno. Já começamos a tirar as roupas de frio do armário, surgem as primeiras temperaturas abaixo da casa dos 20 graus Celsius, surge aquela vontade de fazer um fogo numa lareira... até o chimarrão fica com mais gosto nesta época do ano. 


E com o inverno, também vem aquela preguiça natural, aquela vontade de ficar em casa, embaixo das cobertas, ou então abraçados no sofá, olhando TV. Espero que este frio me dê vontade de escrever mais, também. No início do ano me propus a escrever um texto por mês, e estou devendo a mim mesmo (e por tabela, a quem frequenta o espaço) um texto, de fevereiro. 


Engraçado como as estações do ano nos influenciam do decorrer do tempo, nos colocando nesta ou naquela situação; o verão abre o ano, com todas expectativas, muitos planos, normalmente muita festa, dias intermináveis e ensolarados, aquele calor nos impelindo para a praia, piscina, ou mesmo rios e lagos, nos dando a ilusão de que o ano será só de conquistas e felicidades. Já no outono, é como se batesse uma ressaca do verão; as festas já não nos seduzem tanto, pois começam as aulas, o trabalho fica mais intenso, o frio vem descendo, os dias ficam mais curtos. 


O inverno nos enclausura dentro de pesados e grossos casacos, nos fazendo sorver líquidos e alimentos substancialmente quentes e calóricos, empurrando-nos para o aconchego de nosso lar. Quando chega a primavera, com seu aumento de temperatura, suas festivas datas coloridas, pressentimos que o verão está às portas, e isto nos empolga, nos levando a um novo ano, com todas as estações. Olhando assim, até parecemos plantas, regidos pela lei da natureza, estações da lua e variações de temperatura. Seja como for, assim somos, e assim agimos, ano após ano, estação após estação.


Engraçado, pois o assunto sobre o qual eu queria escrever era totalmente outro, mas fui impelido a este. Certas coisas são assim na vida, sem explicação aparente. Talvez se tivesse falado sobre o que queria inicialmente, não chegaria a este ponto ao qual estou chegando agora: A vida é como água parada, mas de repente cai uma pedra nesta água e movimenta tudo ao seu redor, mudando tudo totalmente de lugar. Quando estas coisas acontecem, sabemos quem somos e para onde vamos? E quando esta mudança é a própria morte? Estamos sempre preparados para esta imprevisível visita? Tu estás?


Samuel Bonette

domingo, 3 de abril de 2011

Mar alto da paixão

Mar, paixão, Djavan, persistência - www.samuelbonette.blogspot.com
Morei três anos em Torres, uma cidade litorânea do RS. Adoro o mar. A foto ao lado foi tirada lá. Ela também é capa de fundo do blog. Uma vez estávamos em Torres, e minha mãe comentou como achava lindo e interessante que o mar sempre tivesse onda. Meu pai respondeu: "Ah, mas isso ele não desiste nunca!!" Muito engraçado, especialmente no momento, pela espontaneidade. Mas, é interessante, o fato do mar não desistir nunca. Interessantíssimo, aliás. 

Claro que se pode afirmar que é meramente o vento soprando a água em direção à terra, e no momento em que a profundidade da água tornou-se exígua, a água se choca contra o fundo do oceano; mas isto não é o porque, isto é o como. Afora estes fatos, fato é que sempre há rebentação, portanto, ele não desiste nunca. 


Mas não é só o mar que se comporta assim. Thomas Edison, famoso inventor do que viveu entre 1847 e 1931, inventor com mais de mil invenções, entre elas a lâmpada elétrica, o cinetógrafo - primeira câmera cinematográfica de sucesso - fundador da General Eletric, era assim. Até conseguir criar a lâmpada elétrica, teve muitas tentativas frustradas. Sabe o que disse sobre elas? "Eu não falhei. Encontrei dez mil soluções que não davam certo. 


Grande persistente. Oscar, um dos maiores pontuadores do basquete mundial, de apelido "Mão Santa", sempre ressalta que, para chegar a esta patamar, teve de treinar muito. Reza a lenda que uma vez acertou 90 arremessos seguidos de três pontos, o arremesso de maior dificuldade do basquete. Assim como estes, há diversos exemplos de sucesso pela persistência.


Embora sempre existam dificuldades, para todos, a persistência deve ser maior. A disciplina nos impulsiona para a repetição, que evoca o esforço, que por sua vez traz consigo a habilidade, e este nos leva para o sucesso. Sucesso, como já falei anteriormente, é atingirmos aquilo a que nos propomos. Entretanto, durante todo este processo, é necessário persistência. 

Talvez seja chato acordar oito horas da manhã na segunda feira e ter de ir trabalhar, mas ninguém começa por cima. Se alguém está num lugar superior ao teu, é porque com certeza aquela pessoa fez mais do que tu em algum momento da vida dela. Isto não quer dizer que não podes chegar lá, mas sim que é necessário trilhar o caminho descrito no início deste parágrafo para chegar lá.


Então, sejamos sempre persistentes, sempre esforçados, sempre prontos a tentar mais uma vez, sempre aptos a desprezar o fracasso anterior e mais uma vez, persistentemente, começar a caminhada. Uma hora vai brilhar. Sempre o mar, sempre as ondas... ah, ele não desiste nunca.


Samuel Bonette

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

E a vida continua, e se renova

E a vida continua, e se renova - www.samuelbonette.blogspot.com
Há quanto tempo não vinha aqui... Já estava com saudades! Muita coisa mudou no Blogger, e fui surpreendido positivamente pelas mudanças. Os layouts podem ser alterados com mais possibilidades e facilidades; creio que o novo layout que apliquei melhora a visualização para os leitores.

Desde a minha última postagem, (que já faz bastante tempo, infelizmente) se passou quase um ano, e neste ano coisas aconteceram; algumas boas, outras más, outras indiferentes, outras tantas que passaram desapercebidas. Entramos em um novo ano, mas tal qual o início do ano passado, temos algumas catástrofes acontecendo ao redor do mundo, e também aqui no Brasil; muitas pessoas passando fome, muitas pessoas desabrigadas, muitas tristezas; por outro lado, vários casais que conheço estão prestes a serem pais, aumentando a alegria em muitos círculos de amizade próximos a mim, um clarinetista de 21 anos passou em primeiro lugar na UFPE sem nunca ter feito nenhum cursinho pré-vestibular, cientistas comprovaram que anticoncepcional não engorda, os chilenos foram salvos da mina, etc, etc, etc.


Alguns filósofos discutiam se a vida era cíclica ou linear. Independentemente disto, é fato que tenho me atraído cada vez mais por "fragmentos" de história. Costumeiramente pensamos nas histórias com início, meio e fim. No entanto, acho interessantíssimo como alguns fatos acontecem e mudam por demais a história de vida das pessoas. Pessoas que caminhavam em uma determinada direção de repente mudam completamente seus planos, suas vidas, suas histórias em consequência de um acontecimento. Por estes dias revi o filme "Náufrago", o qual relata a história de um amor que foi interrompido por uma fatalidade. Após sobreviver a um acidente de avião e viver mais de quatro anos isolado numa ilha deserta, o personagem principal (Tom Hanks) consegue retornar a tudo o que tinha antes, mas descobre que, apesar de serem as mesmas pessoas, tudo está diferente. Seu grande amor (Helen Hunt) agora está casada com outro homem, tem um filho, tem toda uma vida em função desta nova realidade.


Três momentos me marcam profundamente neste filme: o primeiro no qual a atriz Helen Hunt diz a Tom Hanks que sempre soube que ele estava vivo; o segundo, no qual os dois declaram continuarem se amando, e serem ambos o grande amor da vida do outro; e o terceiro, no qual Tom Hanks relata a um amigo que, nos quatro anos que se passaram, ela foi o motivo de se manter vivo, o combustível para todo seu esforço, foi o seu norte, a razão de viver, de tentar retornar, inclusive arriscando-se em alto mar com uma barcaça grosseira. Que profundidade de mistério! Não obstante estes fatos, pela forma como as coisas ocorreram, ambos optaram em seguir suas vidas separados, pois suas vidas tinham corrido tanto tempo assim que as diferenças eram irreparáveis.


E por diversas vezes a vida acontece assim, confundindo, dando reviravoltas, mudando o curso, costurando e desentrelaçando relacionamentos, transpondo fatos, enfim, virando tudo de cabeça para baixo. Mas o mais interessante nisto tudo é que ela continua, e é isso que temos que ter em mente. Olhando com a perspectiva de um futuro através do passado, vamos aprendendo, vamos melhorando, vamos vendo que é correto o que disse a Bíblia em Eclesiastes: Tudo tem seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu. Ec. 3.1

Samuel Bonette