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terça-feira, 16 de agosto de 2011

Está ruim? Pode piorar...

Bom, ruim, melhor, pior - www.samuelbonette.blogspot.com
O ruim nem sempre é o pior. Constatação óbvia, podem até dizer alguns, mas nem sempre é tão óbvia. Ruim é, por definição, algo desagradável, mau, que não presta. Pior é aquilo que de mais desagradável poderia ocorrer. Dentre todas as opções, a mais infame, insensata, imprudente ou desacertada. Obviamente que sempre tentamos acertar, mas por diversas vezes acabamos piorando tudo. Temos vários exemplos nos quais foram feitas mudanças, a título de melhoria, mas estas vieram a causar ainda mais transtornos do que havia anteriormente.

Um exemplo rápido: o pão francês, vulgo cacetinho, era vendido no país inteiro por unidade. Alguns lugares cobravam R$ 0,20, outros R$0,15, outros R$ 0,30, e os mais baratos cobravam R$ 0,10. Tempo bom, não? Não era isto o que pensavam os legisladores brasileiros: fizeram uma lei determinando que todos os estabelecimentos comerciais passassem a vender o referido pão a quilo, alegando que os valores praticados eram incoerentes, uma vez que cada lugar fazia o pão com tamanho conforme achasse melhor. Resultado: hoje compramos pão por R$ 0,40, R$ 0,50, R$ 0,45, e os mais baratos por R$ 0,30 (bastando para isto dividir o valor total pelo número de unidades). Um verdadeiro absurdo, uma triste realidade, um real exemplo do que mencionei acima: o ruim nem sempre é o pior.

Estas situações ocorrem normalmente quando não conhecemos a essência, somente o procedimento. Não sabemos por qual motivo isto é feito assim e por qual motivo aquilo é feito de outra forma; quando temos ciência somente das relações entre causa e efeito, mas desconhecemos o que ocorre entre uma ponta e outra, entre o input e o output. No momento em que somos questionados e não sabemos porque fazemos, passamos a ser questionadores também, e a tendência é abandonar o comportamento. Exatamente neste ponto é que mora o perigo, pois algo aparentemente pequeno ou insignificante pode mudar o rumo de toda uma vida, as convicções, comportamentos e até destinos. 



Quando desconhecemos a essência, estamos sempre sujeitos o ser pegos de surpresa pelos questionamentos da vida e ficarmos sem respostas. O trem da vida não para porque tem alguém perdido no meio dos trilhos. Outro comportamento comum nestes casos é se apegar a regras; comumente, quando esta surgiu, foi por que chegou-se à conclusão que determinado procedimento era o mais eficaz para atingir determinado resultado; entretanto, com o tempo, o conhecimento vira mero treinamento, e o procedimento, que deveria ser um meio, torna-se o fim, virando assim alvo de imutabilidade adquirida. O foco recai sobre o procedimento, e não sobre o objetivo final, esvaziando de sentido e engessando desnecessariamente as coisas.



Portanto, sempre que levantamos um questionamento devemos ser tão sinceros quanto for possível, pois além de gerar até alguma desorientação no questionado, podemos também levar a uma mudança de comportamento que tornará tudo ainda mais caótico do que já é. Devemos questionar sim, para que tenhamos a chance de melhorar, mas evitar a questão leviana e infundada, e especialmente ter muito cuidado ao tomar qualquer decisão, pois delas partem os caminhos da vida.



Samuel Bonette