Estamos no Google+

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Como se fosse a última

Como se fosse a última - www.samuelbonette.blogspot.com
Lembro-me de uma crônica, de Fernando Sabino, entitulada “A última crônica”. Li a mesma quando tinha 11 ou 12 anos, mais ou menos, e dela nunca mais me esqueci. Creio que pude compreender tão bem o sentimento do autor que me apoderei dele, e também persigo esta última crônica. Não sei se ele escreveu outras após esta, mas para mim, esta sempre será a derradeira.

Para mim, sempre que escrevo, gostaria de poder transmitir a intensidade e a leveza de uma última crônica. Entretanto, seguindo um conselho de meu amigo Raginho, procuro não escrever mais do que uma página. Difícil, devo admitir. Entretanto, para mim torna-se um excelente exercício de auto-controle.

Aliás, acho engraçada a forma como lido com meus sentimentos. Já fui chamado de androide, porque, segundo a definição dada pela pessoa, eu tenho sentimentos, mas não consigo expressá-los. Creio que por vezes me falta isto mesmo. Talvez meu auto-controle seja mais aguçado para meus sentimentos do que para meu gosto por escrever, ou simplesmente escrever seja minha forma de extravasar. Não sei.

Ainda há pouco olhava um filme, por nome O Aprendiz, no qual um general nazista, após esconder-se por muitos anos, é descoberto por um jovem que desenvolve um relacionamento com ele. Aos poucos as lembranças vão despertando sentimentos há muito tempo escondidos, sentimentos estes que vão causando um certo descontrole emocional. Em um momento do filme, ele adverte: estás brincando com fogo, rapaz.

Isto acende um alerta no que diz respeito ao que alimentamos ou afastamos de nós. Como diria Thomas Hobbes, o homem é lobo do homem. Na medida que vamos atrás de informação sobre determinado assunto, procurando, buscando aquilo, evidenciamos o assunto e as consequências destes atos em nossas vidas, seja a glória ou a ruína que aquilo nos traz.

Sabem o que mais? Relendo este texto, fico com um gosto de quero mais; fico com um sentimento de que poderia sobejar ainda mais estes assuntos. Entretanto, em um determinado momento da minha vida entendi que não podemos e não devemos querer saber tudo na vida, pois isto implica em certas responsabilidades e numa perda pelo gosto que o desconhecido nos traz.

Samuel Bonette

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Percepções x fatos x percepções


percepções, sentimentos, fatos, vida, relacionamentos - www.samuelbonette.blogspot.com.br
Há quanto tempo não vinha aqui... Lembro que no início de 2011 prometi a mim mesmo que postaria no mínimo um texto por mês, mas não consegui. Entretanto, melhorei com relação a mim mesmo nos anos anteriores, pois postei 7 textos em 2007, 6 em 2008, 3 em 2009, 1 em 2010, e ano passado postei novamente 6. Meu desafio é escrever no mínimo 7 este ano novamente, mas não sei se conseguirei; mas a vida é assim, o objetivo dos desafios é justamente nos tirar da inércia ou zona de conforto, e nada melhor do que começar isto num dia em que talvez o que eu faça de mais produtivo seja justamente escrever aqui no blog. Feriado de sexta-feira santa mais preguiçosa que esta estou para ver.
Desde meu primeiro texto, em fevereiro de 2007, já se passaram 5 anos. Algumas coisas mudaram muito na minha vida, outras nem tanto. Lembrava que em agosto de 2007 escrevi um texto chamado Auto Imagem falando sobre as percepções que as pessoas tem de nós em contraste com as percepções que temos de nós mesmos. Hoje reli o texto e pude perceber que o tempo clareia algumas coisas em nós. Ainda não tenho capacidade de estressar totalmente o assunto, mas creio que posso lançar alguma luz sobre o assunto, ainda que não com o mesmo viés.
Passado o tempo, e tendo aprendido uma pequenina parcela a mais, vejo que as percepções das pessoas são baseadas no que deixamos transparecer. Desta forma, podemos condicionar o comportamento das pessoas para que suas percepções sejam exatamente aquilo que queremos que percebam.
Exemplo: posso até não ser mal-humorado, mas se, toda vez que alguém vier falar comigo, eu transparecer mau-humor ou simplesmente não transparecer bom-humor posso condicionar a percepção daquela pessoa e até seu comportamento com relação a mim mesmo; posso, por exemplo, evitar que venha me convidar para um amigo secreto porque ela vai achar que eu não vou querer participar ou porque ela não vai querer alguém mau-humorado em sua festa.
Por outro lado, psicopatas são frequentemente descritos como pessoas simpáticas, cativantes, com magnetismo, carismáticas e outros atributos invejáveis. Porém, usam todos estes atributos justamente para manipular as pessoas e esconder suas psicopatias e crimes. Recentemente um documentário da National Geographic demonstrou como funcionam os shows de “mágica”, que na verdade são puro ilusionismo, uma vez que o cérebro humano não consegue direcionar sua atenção para duas coisas ao mesmo tempo, conforme comprovaram.
Assim, mulheres maquiam-se para chamar a atenção para seus olhos ou boca, usam roupas provocantes para trazer a atenção para seu corpo ao mesmo tempo em que desviam a atenção de suas eventuais fragilidades ou sua capacidade intelectual; homens gabam-se de beber muito para anular a atenção sobre seus medos e frustrações amorosas; crianças causam problemas para chamar a atenção para si ao invés de outras coisas que preocupam os pais; adolescentes mentem porque é vexatório ainda não ter beijado, e assim sucessivamente.
Hoje vejo que pessoas frequentemente tentam condicionar o comportamento das outras para que ajam exatamente como querem. Entretanto, certa vez um homem ao ser extremamente vilipendiado por outro, disse: Por mais que tu me trates mal, sempre vou tratar-te bem, pois o meu bom comportamento não vai alterar-se pelo teu mau comportamento.
Está aberta a temporada de textos.