Existe uma diferença entre ilegal e
imoral. Uma importante diferença, pois o ilegal é aquilo que age contra a
legislação positivada, ao passo que o imoral é aquilo que obsta ao conjunto de
normas e regras definidas socialmente como corretas. As vezes as opções da vida
não são sobre coisas ilegais ou legais, mas sim sobre coisas morais ou imorais.
Lembro que ao longo do meu curso de Administração, por algumas vezes, os
professores nos incitaram a responder algumas perguntas que, se não eram
capciosas, eram no mínimo desafiadoras, pois lidavam com questões morais.
Em sala de aula, um deles propôs o
seguinte desafio: se, numa situação qualquer, sabendo que, ao condenarmos o
culpado por um crime, automaticamente outra pessoa totalmente inocente seria
obrigada a cumprir pena por aquele crime, optaríamos por condenar a pessoa
culpada em detrimento da inocente ou por livrar ambas, para que a inocente não
fosse injustiçada? A maioria optou pela segunda opção, pois presumiram que a
culpada tornaria a cometer crimes e seria apanhada, resultando assim em
posterior condenação, ao passo que a inocente seguiria sua vida normalmente.
Outra feita, após uma série de
argumentos de um professor, inquiri o mesmo sobre o que considerava como sendo
essência do homem: bondade ou maldade, uma vez que, partindo deste pressuposto,
podemos melhor entender os julgamentos de alguém. Após uma resposta evasiva, tornei
a carga forçando um posicionamento do mesmo. Respondeu então que considerava o
homem como uma pizza: inicialmente era só a massa, e ao longo do tempo ia
colocando-se os temperos (maldades ou bondades), efetivando-se assim o
resultado final.
Entretanto, o mais marcante para mim foi
uma série de questões (cinco, se não me engano) cujas opções de resposta dadas eram,
notadamente (pelo menos para mim), divididas em opção moralmente correta, opção
moralmente incorreta e opção “em cima do muro”. Descontada a conhecida
irreverência deste professor, ao final da proposição das questões, aduziu que:
aqueles que optaram, em maior número, pelas opções “em cima do muro”, poderiam,
com alguma sorte, de dar bem na vida; os que optaram pelas opções moralmente
incorretas entendiam como a vida funcionava e tinham grandessíssimas chances de
obterem sucesso na vida, com uma chance de eventual percalço; já os que optaram
pelas opções moralmente corretas eram loucos e viviam num mundo paralelo.
Recordo que pedi a palavra e, antes de
mais nada, esclareci que eu era um dos loucos que vivia num mundo paralelo,
isto porque a minhas opções tinham sido em maioria absoluta pelas respostas
moralmente corretas. Então discorri que a vida se divide entre como as coisas
são, e como deveriam ser. Como as coisas são é o caminho mais fácil e muitos
andam por ele, mas como as coisas deveriam ser é o caminho mais belo e
recompensador a longo prazo, devendo ser sempre o caminho a ser escolhido.
Somos
seres feitos a imagem e semelhança de Deus, a bondade e demais virtudes devem
ser buscadas e realizadas, e destes anseios derivam os padrões morais que levam
o ser humano adiante. Ao optarmos pelos caminhos moralmente corretos, satisfazemos
nossa vontade do correto e fazemos também a vontade de Deus.
Samuel Bonette