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domingo, 14 de outubro de 2012

Espelho da vida

Espelho, vida, relacionamentos, perdão, autoimagem - www.samuelbonette.blogspot.com
Tenho adquirido um hábito, pelo que me consta: escrever nos domingos a noite. Escrever a noite já era uma predileção, mas tenho notado que o domingo a noite me atrai de forma especial. Até então não havia feito nada de forma propositada, mas parece que esta será a tendência. É um bom dia para se escrever. Nada melhor do que produzir nesta noite que até então era considerada monótona e simples antecedente de uma semana que será corrida, sem dúvida.

Sobre o que tenho a escrever hoje, é até interessante que seja feito num domingo a noite, pois combina com um quadro apresentado recentemente no programa Fantástico; não sei se ainda está sendo apresentado, pois assisto apenas fortuitamente o referido programa, mas o nome do quadro é Phantasmagoria; em uma das poucas vezes que olhei, os apresentadores falavam sobre nossa visão, e como as imagens se formam no cérebro. Falaram também sobre as ilusões de ótica e de distorções de percepções que nos ocorrem, especialmente em casos de pouca luminosidade ou situações nas quais estamos sob forte pressão.

Tal fato dificilmente ocorre quando vemos uma imagem refletida em um espelho. A imagem projetada é imediatamente reconhecida como a nossa própria imagem, diferentemente de quando olhamos a imagem de outra pessoa, animal ou objeto; o cérebro está fadado a associar a nós mesmos aquela forma avistada no espelho. Sabem, não sei se vocês pensaram nisto em algum momento de suas vidas, mas eu já fiz o exercício de, ao focalizar minha imagem no espelho, tentar imaginar que aquele reflexo é na verdade outra pessoa. É uma tentativa de enganar o cérebro que quase nunca logra êxito.


Entretanto, algumas vezes consegui; poucas, é bem verdade, mas já consegui. Não posso deixar de negar também que foi um pouco assustador, pois me ocorreu que, se aquilo fosse verdade, poderia estar vendo em mim mesmo outra pessoa. Aí meu cérebro já fez um monte de inferências sobre psicopatia e doenças mentais e rapidamente abandonei o reflexo. Coisa de louco.


Mas é triste que nem sempre temos um espelho em nossa frente para nos visualizar no dia a dia; com ele poderíamos nos dar conta de nossas atitudes. Digo isto porque é incrível como não nos percebemos em nossas atitudes; isto não acontece o tempo todo, mas acontece com todos, invariavelmente. Aquela pessoa que se acha tão divertida não é assim para seus amigos; antes, é o inconveniente e “mala” do grupo; o profissional que se julga tão competente e dono das respostas é na verdade um fanfarrão; o infeliz comentário sobre um jogador acaba com a reputação de um dirigente de futebol e divide um time no meio da temporada; são inúmeras situações que destroem a nossa imagem perante os demais. É triste quando não conseguimos administrar isto.


Por isto sempre digo: menos, as vezes, é mais. É sempre bom fazer uma avaliação antes de agir para que depois possamos olhar e nos reconhecer na imagem refletida no espelho da vida.



Samuel Bonette