Dia
20/12/2012. Estas são as horas que antecedem o fim do mundo, segundo a
interpretação alardeante do agora famoso calendário maia. Não é a primeira e
nem será a última das “profecias” de fim do mundo. Um dia ele vai acabar, isto
é certo, pois sabemos que tudo tem um início, um meio e um fim; mas Deus é quem
detém este conhecimento.
Eu
realmente não acredito que o mundo vá acabar em 21/12/2012. De qualquer forma,
vou escrever e publicar isto antes das 00:00h deste dia, o que dista deste
momento somente algumas horas, seguramente menos de três. Não quero correr o
risco de, caso o fim realmente chegue, deixar de confessar os fatos a seguir.
Não vou levar, de forma alguma, o peso na consciência de deixar de admitir que:
1. Odeio
perder. Especialmente em esportes e discussões. Sou de uma família onde todos
tem temperamento forte e talvez pelo fato de ser o filho mais novo, portanto o
mais preterido, desenvolvi um espírito muito competitivo. Isto me leva, várias
vezes, a perder justamente por não querer perder.
2. Já
agi por birra; não fiz o que poderia ter feito ou fiz o que não deveria ter
feito só porque em outro momento não tive um desejo atendido ou para mostrar
que mandava na situação. Confesso também que abandonei este comportamento, mas
isto ainda pode acontecer, como a todo o resto da humanidade.
3. Já
amei quem não devia. Aos 7 ou 8 anos de idade morava em Horizontina, minha
cidade natal, e lá havia uma cadela da raça husky siberiano que era a coisa
mais linda, pêlo preto em cima, branco na barriga e um par de olhos azul claro
profundo; eu ia todos os dias brincar com ela, a despeito da minha vira-lata
Lulu.
4. Fui
vencido pelo capitalismo. Quando era pequeno admirava o céu e as estrelas,
ficava na janela olhando a chuva por horas a fio, subia nas árvores para comer
quilos de bergamota e ia, de bicicleta e mesmo a pé, até os rios, riachos e
lagoas tomar banho no verão. Hoje fico no Facebook, olhando TV a cabo, comendo
e engordando e quase não sei mais fazer conta de dividir e multiplicar a mão. O
dinheiro e o conforto que ele me proporciona me roubaram a capacidade de ter
tempo para ver algumas coisas simples e bonitas da vida.
5. Raramente
choro. Especialmente, nunca chorei ao assistir um filme, mas o Click me leva as
raias de chorar, pois me identifico por demais com a história do filme,
especialmente na parte do relacionamento com seu pai. Me dá um nó na garganta.
Se um dia eu chorar ao assistir um filme, vai ser assistindo o filme Click.
6. Penso
que todo mundo come algo estranho e ainda acha que não é estranho. Eu gosto de
comer pão com mortadela e açúcar. Uma amiga comia manga verde com sal, minha
esposa come batata crua e meu amigo come sanduíche com melancia. Todos pensam
que suas comidas estranhas são iguarias apreciadas por todos. Não são.
Dentre
tantas outras coisas, não posso deixar de confessar que sei coisas a respeito
de mim que são inconfessáveis e não ousaria contar nem para mim mesmo, nem em
pensamento. Tanto boas quanto ruins. Outras que não são boas nem ruins mas
ainda assim não posso contar. Carrego comigo emoções e dúvidas que só serão
dirimidas e explicadas após o fim do mundo. Quem me conhece pessoalmente talvez
vá ficar curioso, mas deixa estar que um dia meu livro será lido.
Samuel
Bonette
Nenhum comentário:
Postar um comentário