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domingo, 16 de junho de 2013

Shakespeare não me representa

Shakespeare não me representa - www.samuelbonette.blogspot.com
Ser ou não ser! Eis a questão. Imediatamente nos advém a memória alguém com uma caveira na mão, representado um discurso filosófico da Tragédia de Hamlet, de William Shakespeare. Engraçado que se pareça com o slogan atual dos brasileiros: Isto não me representa; em meio a chiliquenta luta por direitos homossexuais, onda de protestos eclodindo pelo país em nome de pretensos R$0,20 e gastos públicos infindos com Copa das Confederações e Copa do Mundo, alargou-se o modismo de “Feliciano não me representa”, “Dilma não me representa” e “Blá blá blá não me representa”.

Representar, segundo o dicionário Priberam Online pode ser empregado em pelo menos 12 sentidos, todos eles indicando alguém fazendo algo por outrem. Num país historicamente marcado pelo conformismo da maioria de sua imensa população, não chega a me surpreender, mas irrita. Irrita quando as pessoas dizem que “políticos não me representam”, mas em época de eleições, não exercem adequadamente seu direito de voto; irrita porque as pessoas dizem “ladrões não me representam”, mas não perdem a oportunidade de ficar com cinco centavos a mais num troco calculado incorretamente; irrita quando dizem “Feliciano não me representa” mas não suportam ouvir opinião sexual divergente das suas próprias.

Por outro lado, uma porcentagem ínfima de agitadores e/ou filiados partidários radicais, protegidos e ao mesmo tempo insuflados pelo anonimato que as multidões proporcionam promovem a balbúrdia e desordem, caos e pânico, destruição e terror por onde passam. Como conhecedor da história da humanidade, não desconheço nem desprezo a guerra, suas causas e consequências; nelas, o aspecto psicológico é fator importantíssimo, senão preponderante. Desta forma, ter reação muito maior do que a ação é de suma importância para amedrontar o inimigo.

Esta é a estratégia atual utilizada pelos comandantes do agora fortalecido movimento pela redução das tarifas de ônibus (já nominado por alguns como Primavera Brasileira). Quando os primeiros protestos começaram em Porto Alegre, pessoas de outros estados vieram “infiltrar-se” para adquirir experiência e propagar o comportamento em seus estados, segundo reportagem de Zero Hora. Isto demonstra o que me referi acima, sobre os agitadores. Fenômeno do comportamento das massas, diria Gustave Le Bon.

Porém, convenhamos. Não precisamos de representação. O que precisamos (ou queremos) devemos fazer com nossas próprias mãos, ou voz, ou seja lá o que for. Especialmente, não precisaríamos ficar falando “isto ou aquilo não me representa”, pois muitas coisas não nos representam, especialmente numa sociedade pluralista, diversificada. Deveríamos, se assim fosse nossa vontade, dizer “isto ou aquilo nos representa”, indicando assim aquilo ao qual nos somamos. Seria mais coerente, inteligente e racional.

Todos temos limitações, mas penso que ninguém deveria limitar-se a dizer “Isto não me representa”; represente a si mesmo no teatro da vida!


Samuel Bonette



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