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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

A freira do prostíbulo

freira, prostíbulo, política - www.samuelbonette.blospot.com.br
Certa vez, presenciei uma situação na qual determinada pessoa, cansada e irritada com os desmandos e atitudes cínicas de seus pares, exclamou: Chega! Cansei de ser a freira do prostíbulo! Nunca tinha ouvido aquela expressão e fiquei pensando qual história estaria por detrás desta, mas até hoje nunca descobri. Entretanto, de imediato percebi que aquilo era uma clara demonstração de mudança de atitude por parte daquela pessoa. 

Frequentemente, em nossas vidas, somos confrontados por situações nas quais somos obrigados a escolher a "menos ruim" das opções. Não se trata de escolher entre o que é certo ou o que é errado, o que é bom ou o que é mau, o que é ético ou anti-ético, o que é moral ou o que é imoral; trata-se, pura e simplesmente, de optar, entre as opções fornecidas, aquela que causará menos danos. 

Entendam que, assim como não existe "meio grávida", não existe "meio certo" ou "meio errado". Tampouco viria eu a este espaço defender qualquer coisa do gênero. Porém, por diversas vezes, para impedir a catástrofe, temos de agir daquela forma que não seria a mais adequada ou a mais correta; para impedir a infâmia, temos de confiar nas ações de alguém com reputação duvidosa; para impedir mortes de inocentes, temos de "concordar" com morte de bandidos ou terroristas; após uma tentativa de roubo frustrada, temos de assistir a um linchamento. E por quê fazemos isto? Por uma simples razão: precisamos fazer a escolha. 

Não se assustem, meus amigos, nem se escandalizem; esta é a vida e assim ela está posta para nós; muitas destas situações são herdadas, outras são construídas por outros que nos enredam nelas e algumas tratamos nós mesmos de nos meter. Nunca ninguém nos disse que a vida seria justa, embora nós devamos perseguir a Justiça. E por quê, se a vida não é justa, que devemos perseguir a Justiça? Simples: Porquê precisamos nos balizar por um parâmetro melhor do que nós! Fazendo justiça, não impedimos que nos seja feita injustiça, mas impedimos que a injustiça seja feita aos outros. Nisto também reside o mal do egoísmo, porque a lógica deve ser: fazer o bem aos outros para que o bem também me seja feito.  

Porém, como diria Thoreau, a massa nunca se eleva ao padrão do seu melhor membro, pelo contrário, degrada-se ao nível do pior. Sabendo disto, o melhor argumento dos perversos é justamente aprisionar os homens virtuosos no seu próprio discurso, criando uma armadilha sofística que diz algo como: Eu posso te bater porque eu sou mau, mas tu nunca poderá me bater porque tu és bom. Porém, os bons podem fazer coisas "ruins" aos maus para impedir que coisas piores aconteçam, para punir o malfeito e o malfeitor e, também, para exemplificar que ninguém está autorizado a fazer o mal. Está aí o código penal que não me deixa mentir. 

Finalmente, meus amigos, retomo o que disse acima: embora as vezes façamos aquilo que não nos parece ser o bem supremo, devemos sempre avaliar se, agindo de forma diversa, não estamos causando maior dano. A vida cobra caro, de todos, a falta de decisão ou a simples abstenção. As vezes fazer o bem é simplesmente impedir que o mal exista ou aconteça. Na esteira da vida, ou criamos um círculo virtuoso ou vicioso e a simples interrupção do ciclo vicioso dá origem ao ciclo virtuoso. Pense nisto.  

Ah, e sobre a pessoa que mencionei no início? Não passou-se muito tempo e ela voltou a ser a freira do prostíbulo, por uma razão óbvia: ela não era uma prostituta, ela era melhor que elas, ela era uma freira.  

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Casamento, filhos e animais de estimação

Loretta Schnauzer Filhos Crianças Pets - www.samuelbonette.blogspot.com.br
Em setembro deste ano, completei cinco anos de casado. Casei no civil e religioso em dias diferentes, então nunca sei ao certo em que data comemorar; a Bibiana sempre diz que a data certa é do casamento religioso, mas eu contra-argumento que, se casamos no civil, tornando nossa união conhecida aos homens, estávamos também oficializando-a perante Deus, que sabe de todas as coisas. Para comemorar, fizemos uma viagem, o que já fizemos nos outros anos; lá chegando, postei numa rede social e logo teve grande repercussão. Comentamos, eu e a Bibiana, sobre como estes assuntos amorosos mobilizam as pessoas; é impressionante como as pessoas gostam deste tema! Outra prova disto é a quantidade de músicas com esta temática. 

Do lado de fora das redes sociais, aqui neste "mundinho sem importância", outro assunto é recorrente entre casais: a pressão externa pelo próximo passo. Desde a escola, quando as crianças entoam em coro o bordão "tá namorando, tá namorando", há uma pressão da sociedade, em geral, pelo próximo passo, muito embora o relacionamento em si só interesse aos entes envolvidos. Atento a este fato, durante algum tempo eu e a Bibiana não tornamos público nosso relacionamento, deixando a especulação por conta das pessoas, simplesmente. Passado algum tempo, já com o namoro assumido, a pergunta era: noivam quando? Quando noivos, transformou-se em: casam quando? Casamos em setembro de 2009 e acabaram-se as perguntas. Que nada! Não passou muito tempo e veio a fatídica questão: quando vem o filho? 

Já tínhamos conversado sobre isto. Combinamos de casar e ter filhos após dez anos de casados; já se passaram cinco, e quando me perguntam sobre quando virá o rebento, respondo: daqui a dez anos! Ainda não atualizei minha previsão e também não quero falar ou pensar a respeito, embora lá no fundo saiba que vai chegar o momento em que este assunto será inadiável. Temos alguns amigos que, assim como nós, ainda não tem filhos e, como eles estão casados há mais tempo que nós, sempre brincamos que estamos respeitando a ordem cronológica entre casar e ter filhos, portanto, primeiro eles, depois nós.  

Outro ponto que também nos refreia é que eu e a Bibiana discordamos em muitos aspectos, desde forma de parto, passando por nome, quantidade, onde vão estudar, etc. e até sobre a forma de lidar com seus futuros relacionamentos. Divergências assim não são irreconciliáveis mas representam um entrave importante pois são fatores que podem ser decisivos na vida de uma pessoa, o que toma dimensões ainda maiores quando se trata do nosso próprio filho. Em um aspecto concordamos piamente: queremos guri (embora não possa deixar de observar que de uns tempos para cá Bibiana tenha aumentado sua afeição por bebês meninas). 

Não que eu não goste de crianças ou que não me sinto preparado para ser pai, bem pelo contrário: adoro crianças e poderia ter um filho amanhã; isto seria um grande prazer para mim! Obviamente que há toda aquela responsabilidade em gerar uma vida, ter a obrigação de cuidar, amar, educar, ensinar para que se torne um bom cidadão para a sociedade e mundo; tamm implicaria em deixar de viver nossa própria vida e empenhar todos nossos esforços em prol daquela outra pequena vida (e esta é a obrigação dos pais), mas seria gratificante. 

Por ora, vou me divertindo com a Loretta, minha cadela de estimação. Ela é engraçada, muito inteligente, demanda responsabilidades e cuidados da nossa parte, apronta suas peripécias de tempos em tempos e nos entrete; quando está entediada, inventa suas próprias brincadeiras; quando quer carinho, escora sua cabeça na nossa mão ou tenta enfiar o focinho debaixo dela; quando está com sono e a provoco, fica muito brava e fica latindo para mim; se a convido para sair, fica pulando ao lado da porta; mando ela subir na cama e ela sobre; digo para descer e ela desce. Quando mandamos ela para a pet shop, é estranho estar em casa e não tê-la em volta (sim, ela está sempre atrás de nós); quando viajamos, ficamos o tempo todo pensando em como ela está; quando fomos passear no parque e tinha muitos cachorros, coisa com a qual não está acostumada, ao invés de ir brincar com eles, vinha procurar proteção em nós. Óbvio que não é como uma criança, mas para isto já tenho meus sobrinhos! 

Samuel Bonette 

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Só os cinzas podem ler

Branco Preto Raça Intolerância - www.samuelbonette.blogspot.com.br
2014 está sendo um ano de tensões. Talvez todos os anos sejam assim, mas neste ano tenho notado muitos conflitos. Todos podemos perceber isto, sem maiores dificuldades: Ucrânia x Rússia, Palestina x Israel, Pró-Copa do Mundo de futebol x Contra a Copa do Mundo, PTralhas x Coxinhas, etc. Alguns fatos corroboram especialmente para istoainda mais aqui no Brasil, onde a Copa do Mundo ocorreu, justamente em ano de eleição. Desde o meio do ano passado, quando eclodiram protestos populares por todo o país, instaurou-se uma guerra ideológica; e nela, o que vale é, simplesmente, o debate, o embate e se necessário for, o combate. Coerência foi para o espaço e a discórdia ganhou poderes plenos. É, talvez seja exagero. Nem vou discutir sobre isto pois já temos discussões o suficiente, obrigado.  

Não bastasse todo este infortúnio, ainda me acontece este episódio lamentável. Ontem, 28/08/2014, o goleiro do Santos F.C. paralisou a partida que estava sendo realizada contra o Grêmio FBPA por conta de um suposto ato racista que estava sendo cometido advindo da torcida deste último. Em poucos minutos já circulava nos corredores da web e redes sociais o vídeo de uma pessoa falando a palavra "macaco" e logo descobriu-se o nome da referida pessoa, o que gerou imediatamente comentários ofensivoem sua página pessoal numa destas redes sociais. Ocorrido o fato por volta das 21:00h de ontem, ao amanhecer de hoje ela já estava afastada de suas atividades profissionais, cujo exercício se dava como terceirizada numa unidade da Brigada Militar do Estado do RS. Imagino como está a cabeça desta pessoa (além de "a prêmio"). 

Entendam, em primeiríssimo lugar, que sou contra o racismo. Mantenham isto sempre em foco para entender meu raciocínio. Acho de tamanho absurdo menosprezar alguém por conta de sua cor que não vou nem falar sobre isto; compartilho da ideia do Morgan Freeman, que diz que, para acabar com o racismo, precisamos simplesmente parar de falar nisto. Não vou entrar na discussão sobre se a torcida do Grêmio é racista ou não, se o Brasil é um país racista ou não; não farei coro aos que dizem "falo isto tranquilamente porque tenho vários amigos negros" e também não vou cair na tentação de enumerar negros notáveis ou seus notáveis feitos para justificar um não-racismo pois isto seria a instituição do racismo, uma vez que poderia entender-se que estou partindo do pressuposto que estes tem menor capacidade de feitos notáveis. Não preciso me justificar a respeito de minha posição pois a faço sem medos e culpas. 

Alguém pode estar pensando sobre o motivo então de estar escrevendo, se não vou falar a respeito do tema. Confesso que realmente relutei muito a escrever sobre o assunto, porém, não posso deixar de raciocinar a respeito de quão racista é o simples fato de falarmos sobre este assunto. Parece que o racismo é uma "doença de branco", mas não é. Conheço vários negros (nem vou me estender aos chamados amarelos e pardos) preconceituosos a respeito de brancos e a respeito de si próprios; vi várias situações em que, aquilo que seria um julgamento ou decisão normal tornou-se, na sua visão deturpada, racismo contra eles, simplesmente porque optaram por esconder-se atrás de sua cor, o que lhes foi mais conveniente, diga-se de passagem. Entendo que o simples fato de falar isto vai gerar nestes mesmos o sentimento de que talvez eu seja racista; sei que várias pessoas concordarão comigo mas terão medo de serem apontados como racistas pelos pretensos "vítimas de racismo".  

Preciso, para melhor compreensão do assunto, portanto, trazer novamente a baila o assunto das pessoas. Notem que no início do texto falei sobre menosprezar outros por conta de diferença de cor; seria de uma idiotice tremenda, por outro lado, considerar todas as pessoas farinha do mesmo saco e não valorizar as características pessoais que nos tornam tão singulares. Utilizando-me do futebol como exemplo, seria a mesma coisa que afirmar que Grêmio e Inter são iguais. Não são! São diferentes, tem histórias diferentes, tem vitórias diferentes, procedências diferentes, são diferentes em quase tudo, mas isto não diminui em nada a grandeza do outro. Entretanto, alguns poderiam perder horas a fio simplesmente discutindo quem é o maior ou o melhor sem que chegassem a uma conclusão e os dois ainda sairiam da discussão proclamando-se vencedores (sem o ser).  

Entendo a dor de quem se sente ofendido e não diminuo em nada o direito de quem quer protestar contra o que quer que seja, mas concluo que o mais inteligente a se fazer é punir com rigor os criminososmergulhar este fato nefasto em um sensacionalismo barato gera ainda mais vergonha, constrangimento ou pior: um sentimento de inviolabilidade auto-comiseração (coitadismo) aos ofendidos. Devemos ser todos bem cientes de plenas capacidades e potencialidades IGUAIS, porém com características diferentes, o que não é demérito para ninguém.  

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

A fé contida na vida

Fé, Vida, Amor, Esperança, Deus - www.samuelbonette.blogspot.com.br
Hoje quero falar sobre uma coisa que há muito tempo não falo (pelo menos não diretamente) aqui no blog: FÉ. Engraçado que convivo com esta palavra desde muito pequeno e nunca tinha conferido o significado dela no dicionário. Na definição bíblica, "fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se vêem". Já na definição do dicionário, segundo o site Priberam, fé é "adesão absoluta do espírito àquilo que se considera verdadeiro". Também consta entre seus significados: fidelidade, prova. Por curiosidade, pesquisei também o que é espírito, e encontrei a seguinte definição: "coisa incognoscível que anima o ser vivo". Achei bastante interessante. 

Hoje em dia, é difícil ter fé. Embora esteja comprovadamente enraizada no ser humano, é difícil esta coisa incognoscível que anima o ser vivo (espírito) aderir de forma não relativa (absoluta) àquilo que se considera real (verdadeiro). Porquê? Porque, da definição inicial, perdemos quase todo o referencial. Tem uma frase que tem sido bastante usada para nos criticar que diz: a tragédia desta geração é o corpo bonito e a alma feia. A geração pós-moderna é ainda muito nova para ser definida e muito recente para não aprender com seus erros e corrigir sua trajetória mas não posso discordar totalmente e também não quero concordar, nem de longe 

É difícil ter fé pois entendemos que só existe aquilo que se pode conhecer. Entendemos também que só se pode conhecer algo através dos sentidos: podemos ver o sol, portanto ele existe; da comida, sentimos o sabor, então, ela existe; o vento toca nosso rosto e embaraça nossos cabelos, logo, ele existe; ouvimos o barulho do mar, é prova que ele existe. Sentimos o cheiro ruim do chulé por que, infelizmente, ele existe. Mas o que me garante que o espírito existe, se a sua própria definição diz que ele é incognoscível, logo, não se pode conhecer 

É difícil ter fé por que "tudo é relativo", portanto, "nada é absoluto". Se pai é quem cria, então quem "cedeu" o espermatozóide para fecundar o óvulo não é pai, eis a relatividade da paternidade; uma mulher que joga seu filho recém-nascido numa lixeira não é mãe e agora resta relativizada a maternidade. "Um minuto para o fim do mundo, toda a sua vida em 60 segundos" relativizou o tempo e a existência de ser humano em todas as eras. Eu dentro de minha casa e o resto do mundo dentro da minha CPU através da web, relativizado está o tamanho do mundo e a distância de qualquer coisa. 

É difícil ter fé porque Matrix e A Origem nos puseram dúvidas sobre o que é realIluminatis e a vasta filmografia existente nYoutube a respeito de teorias da conspiração nos fazem duvidar da realidade de qualquer coisa; agora podemos saber que a Copa do Mundo foi comprada, que as Torres Gêmeas foram derrubadas pelos Iluminatis e tudo mais. Está tudo aí, é só pesquisar, a realidade realmente não é aquilo que pensamos ser real.  

Porém, não achamos que é difícil acreditar em inúmeras coisas; por exemplo: nosso espírito adere absolutamente a crença que outros planetas existem, embora dos quase sete milhões de pessoas existentes no planeta, menos de 600 humanos tenham ido ao espaço; e porque fazemos isto? Só porque alguém disse que existem. E tomamos estas afirmações como verdade absoluta. E gritamos aos quatro ventos que são reais, inadmitindo hipótese diversa desta. E isto é um pequeno exemplo de muitas coisas nas quais temos fé e convivemos diariamente. 

Na verdade, concluo não é verdade que não temos fé, mas sim temos rejeição a associação da fé com religião (especialmente as tradicionais); até para não acreditar em nada é necessário ter fé. Então, não é difícil ter fé, ao contrário do que havia dito nos parágrafos anteriores, mas sim é necessário revisar ou revisitar no que temos fé. Muitos pensam ser cool ir num templo budista fazer meditação mas tosco entrar num templo evangélico para fazer uma oração ou assistir a um culto. Acreditam no "poder reveladono livro O Segredo mas duvidam da Bíblia, um livro mais que milenar com inúmeras profecias cumpridas. Acreditam em forças cósmicas ou místicas mas desacreditam na existência de um Deus que tem poder para criar tudo o que existe.  

Enfim, uma das características que achei mais legal na definição de fé é que ela não nos bajula mas sim nos confronta, falando, por exemplo, sobre espírito, que não podemos conhecer tal como fazemos atualmente, através dos sentidos, mas é que nos anima, ou seja, dá vida; fala também de coisas verdadeiras, fala de se entregar totalmente. Tal como um pai, que sempre pesa prós e contras ao nos aconselhar mas deixa a decisão final para nós, a fé está sempre presente, quer queiramos, quer não. Estas características também são atribuídas a quem? Deus. 

Samuel Bonette