Junho é mês
dos namorados! Independentemente de ser uma data comercial ou não, considero
uma excelente iniciativa comemorar uma relação em que duas pessoas unem-se pelo
mais nobre sentimento: o amor; lembro que, minha primeira
postagem, no ano de 2007, intitulada "O
beijo e o amor", falava sobre o amor, este sentimento que é tão especial
e essencial nas nossas vidas. Como diria o poeta, “amor é fogo que arde sem se
ver, é ferida que dói e não se sente, é dor que desatina sem doer” e por aí
afora. Para se ter uma ideia da amplitude deste assunto, se tirássemos o tema
“amor” das músicas restariam menos que 10% delas, talvez. Diferentemente
de outras coisas, salvo em pessoas portadoras de doenças psíquicas, nunca
conseguimos ficar desapercebidos ou imunes a este sentimento que nos move.
O contrário
do amor é a indiferença e não é o ódio, como muitos poderiam pensar; o ódio, em
sua maioria, é um amor não correspondido, um amor frustrado ou ainda um amor
traído. Neste momento em que a exaltação a uma relação amorosa fica tão em
evidência, exposto nas vitrines dos rostos daqueles que amam, como é de praxe,
há a reação natural da outra ala, a ala solteira (o que nem sempre significa
solitária, como poderia se supor). Diversas são as reações: algumas engraçadas,
outras carentes, raivosas, condescendentes e por aí afora. Conversando com
alguém sobre amor, disse-me a pessoa: Estou esperando alguém me amar primeiro.
Frase bonita, pensei na hora; logo em seguida, perguntei para mim mesmo: o que
será que isto significa? Imaginei três opções:
1. Simplesmente o velho recurso “quem
desdenha quer comprar”, ou seja, "já que não tenho um namorado, então este dia não
serve para nada; além do mais, o dia dos namorados só é realmente importante
quando se tem um amor verdadeiro por trás de uma relação, fato este que nem
sempre ocorre, portanto, não preciso disto";
2. Medo de rejeição, pois, como é mais
fácil dispensar do que ser dispensado, a pessoa até se propõe a passar horas
agradáveis com uma pessoa bacana, mas se isto implicar em uma possibilidade
ínfima de se magoar, então não vale a pena e é algo totalmente
dispensável; poderia se chamar de “antes só do que mal acompanhado”;
3. Realmente a pessoa está esperando
alguém que dispense a verdadeira energia que o assunto merece.
Particularmente,
acredito mesmo que a resposta seja esta última, embora possa soar um tanto
contraditório; se analisarmos bem a questão, poderemos compreender que não é
injusto nem incoerente o fato de, aquele que compreende a magnitude de um amor, espere conhecer uma pessoa que esteja disposta a envolver-se no emaranhado de
sua subjetividade bem escondida abaixo de muitas camadas da sua objetividade;
que queira conhecer uma pessoa que entenda que o amor é um dar sem esperar nada
em troca e contentar-se simplesmente por ter dado; que o amor é um interesse
íntimo e profundo pelo outro sem que necessariamente queira mudá-lo ou
transformar o outro em uma cópia de seus gostos, interesses e comportamentos;
que o amor é um bem precioso e que não se pode desperdiçá-lo com tolos,
arrogantes, pretensiosos, narcisistas e outros mais que tem condutas
deploráveis semelhantes a estas.
Entendo,
portanto, que as vezes temos mesmo de esperar que aquela pessoa que é de nosso
interesse nos ame primeiro para que depois possa receber nosso amor de uma
forma completa e não-modular. Trata-se de carregar o amor consigo para
entregá-lo a pessoa certa e isto não significa que deva ficar na defensiva com
aqueles que tentam atar um relacionamento, mas sim que deve demonstrar que,
talvez, seja mais interessante começar um relacionamento depois que ela
compreender o alcance completo de seus atos, podendo assim nos conhecer e
entender desde os detalhes mais sutis até nossos maiores medos e alegrias,
tornando-se assim, ambos, refúgio para o outro, eternos amantes, namorados
enamorados.
Samuel Bonette
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