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sexta-feira, 25 de julho de 2014

É com educação que se resolve

Educação, Bibiana, Faculdade, Direito - www.samuelbonette.blogspot.com.brEstou na expectativa da formatura da BibianaApós alguns anos de esforço, de acordar cedo, dormir tarde, estudar muito, ter provas difíceis e outras fáceis, tirar notas boas e ruins, ir até a universidade e o professor não ter comparecido, não ir a universidade e o professor ter comparecido, cochilar na sala de aula, entrar na sala errada, entrar na sala certa e pensar que era a sala errada e todas aquelas situações corriqueiras ou inusitadas que todos os estudantes passam, finalmente vai se formarTambém já passei por isto, com uma diferença: não fiz cerimônia de formatura, fiz formatura em gabinete. 

Porém, se engana quem pensa que me sinto frustrado por ter feito isto; nunca me importei muito com formalidades e também nunca dei atenção exagerada a uma conclusão de curso, fosse ele qual fosse. Óbvio que nem ouso comparar um curso superior com um curso de extensão ou ensino médio, de forma alguma, mas nem mesmo o curso superior foi capaz de causar alguma reação maior em mim. Por outro lado, também engana-se quem pensa que a Bibiana está super empolgada com a sua formatura; está feliz, está fazendo os trâmites necessáriosnaturalmente apreensiva quanto ao TCC, mas a empolgação termina por aí. 

Lembro que há alguns anos atrás (era mês de dezembro, se não me engano) fui na casa da minha irmã; lá chegando, fui informado que meu sobrinho, que então frequentava uma escolinha, teria uma festa de formatura logo em seguida, naquele mesmo dia. Quando indaguei qual a formação, me disseram que faziam esta "formatura" todos os anos, quando passavam de uma série para outra. Fiquei me questionando para quem aquilo fazia sentido, se era para as crianças, para os pais, para as professoras, para a instituição, enfim. Confesso que não cheguei a conclusão alguma. 

Talvez nunca antes os estudos tenham sido tão valorizados quanto nos dias atuais. Com isso, os valores sobem; dentro das regras de mercado tem a fatídica lei da oferta x procura, que diz que, se a procura por um produto é grande, o seu preço tende a subir; na esteira deste efeito, tudo o que se relaciona àquele produto tem seu preço aumentado. Quando a Bibiana começou a pesquisar valores de produtoras para fazer uma festa de formatura, pudemos verificar que uma viagem a Europa era mais barata que alguns pacotes oferecidos. Talvez seja por isto que uma escolinha, que não dá formação alguma (no sentido acadêmico da palavra) faça uma festa de formatura: para valorizar o conhecimento desde então, também para valorizar seu produto e quem sabe cobrar um pouquinho a mais na mensalidade por isto. 

Por outro lado, esta valorização nem sempre alcança os professores. Ano após ano vemos reclamações, mobilizações e muitas vezes greves de professores reivindicando melhores salários, especialmente na rede pública de ensino. Não faço coro a eles porque entendo que estão na profissão porque escolheram e quando escolheram já sabiam que era assim, mas também não me somo aos seus opositores, pois é extremamente complicado ver um país que precisa tanto de ensino valorizar tão pouco estes profissionais. No Japão, apesar de ser aparentemente falsa a história que os únicos que não precisam inclinar-se perante o imperador são os professores, estes profissionais são extremamente valorizados, assim como em outras partes do mundo. 

Cristóvão Buarque, que já foi Ministro da Educação e candidato a Presidência da República, tinha na época como principal proposta a melhoria na educação desde país. Em continuação a egressa piada futebolística dos 7 x 1 aplicados no Brasil pela Alemanha, este último país tem 103 prêmios Nobel contra nenhum do primeiro. Quando vemos números como este, um mísero resultado de uma partida de futebol toma sentido ínfimo. Estamos vivendo a Era do Conhecimento, de fato, mas, ao que parece, isto não chegou ao conhecimento de muitos neste país, especialmente aqueles do Poder Público, o que torna público nosso atraso no cenário mundial. Triste, mas verdadeiro. 

Contudo, há esperanças. Os países que hoje são referência em educação nem sempre o foram; os países que hoje são ricos, nem sempre o foram. Mesmo no Brasil, os números de pessoas estudando, de pessoas que completam o ensino básico, médio e superior tem avançado. Entraríamos rapidamente na questão da qualidade deste ensino, mas isto fica para outra vez. Agora, fico com a esperança. Admitir a existência de um problema é o primeiro passo para solucioná-lo. 

Samuel Bonette

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Amigos fáceis, amigos sinceros

Amigos, sinceridade, relacionamento, vida, amizade - http://www.samuelbonette.blogspot.com.brHá um tempo atrás fui a um churrasco com amigos. Um deles levou seu filho, que deve ter uns quatro ou cinco anos. Assim que chegamos na churrasqueira, ele avistou um playground e foi lá brincar. Nós ficamos ali, salgamos e espetamos a carne, fizemos o fogo e colocamos a carne para assar, como bons gaúchos que somos. Passado um tempo, o guri começou a me chamar para brincar e eu respondi que ele era “muito velho para brincar comigo”. Ele ainda insistiu um pouco mas logo desistiu quando outra criança aproximou-se com um cachorro. Sem cerimônia alguma, simplesmente foi ao encontro daquela criança e em dois minutos já estavam conversando e brincando como velhos amigos.

Quanta naturalidade em fazer novas amizades!

  Notem que eu disse naturalidade, e não facilidade. Disse o senhor Aristóteles que o homem é um animal social, mas não definiu a intensidade desta socialização. Por vezes é realmente difícil a interação entre seres humanos, como posso notar em várias situações, mas não entre crianças. Para elas, o outro é simplesmente... outro. Em geral, não tem malícia, não tem maldade, não tem pré-conceitos, não tem dificuldade, meandros, melindres, burocracias, expectativas exacerbadas, formalidades, cerimônias, desconfiança ou outra coisa que as impeça de se aproximarem e começar uma conversa.  Já adultos, os “super-humanos”, capazes, instruídos, experientes, não conseguem fazer isto de forma simples! É impressionante! Fico me perguntando em que momento perdemos esta habilidade.

Claro que, de forma alguma, desprezo o fato de que há pessoas mais introvertidas e outras mais extrovertidas, o que facilita ou dificulta a tarefa de fazer novos amigos (mas também me pergunto quanto que esta própria característica é nata ou introjetada). Também não desprezo a maldade ou a inclinação para fazer o mal que as pessoas tem e o quanto que isto nos limita ou nos deixa “com um pé atrás” na hora de fazermos novas amizades, mas ainda assim, não consigo entender a dimensão da naturalidade das crianças versus dificuldade dos adultos. Não me parece razoável nem me é compreensível.

Talvez percamos esta naturalidade quando notamos que conseguimos tirar vantagens dos outros e ao mesmo tempo não queremos que façam isto conosco, ou, abstraindo e extraindo o conceito, quando queremos receber mais e dar menos. Defendo a tese que, se eu for dar algo, esta minha atitude tem que ser livre da expectativa de retribuição. Concordo que isto talvez não seja natural do ser humano, mas vejo muitas pessoas frustradas porque dão algo e não recebem o esperado em troca. Penso que deveriam estar felizes porque se propuseram a fazer algo e atingiram seu objetivo; se houver retribuição, melhor ainda; se houver a retribuição esperada, MARAVILHA!


Se não fazemos isto, nos tornamos ilhas. Nos tornamos como os países que querem manter sua balança comercial positiva então tentam comprar pouco e vender muito. Assim, se todos fazem isto, ninguém compra de ninguém e todos ficam estagnados. Amizades não funcionam assim. Não são quantitativas nem fórmulas matemáticas de soma, subtração, divisão e multiplicação. Entendo que deva haver doação sincera e, muito embora a maioria melhore com o tempo, também que não necessitam ser eternas ou intensas todo o tempo.

Me sinto, neste momento, agradecido por todos meus amigos. Não são poucos, não são todos da mesma profundidade, não posso os ver ou falar com todos sempre, porém todos possuem sua importância, momento e lugar no meu coração. Também não levo nenhuma mágoa ou ressentimento no coração nem mesmo daqueles que em algum momento tiveram um comportamento ou atitudes duvidosas pois estes, como diria o capitão Nascimento, me deram “um tombo para cima”. Só sigo em frente, buscando recuperar a naturalidade em fazer amigos, aumentar minha habilidade em valorizar as pessoas e ser feliz por tudo o que Deus me proporcionou e continua proporcionando. Muito obrigado, muito obrigado!!

Samuel Bonette