Este
é o penúltimo artigo desta série e devo admitir que já está me dando
saudades... Não é fácil escrever vários artigos sobre um mesmo assunto,
consecutivamente; a dispersão bate à porta diversas vezes, porém a cada retorno
obtido aumenta mais e mais a garra e a vontade de continuar dividindo
conhecimentos com vocês e também aprendendo muito (provavelmente mais
aprendendo do que ensinando).
O
assunto que vou abordar neste artigo é um tanto controverso, especialmente
quando se fala tanto em humanização das relações de trabalho e em geral, porém,
como já comentei aqui, existe uma diferença entre as coisas como são e como
deveriam ser e, no dia a dia, o pragmatismo vence o idealismo com ampla
vantagem, dada a dura realidade da vida, retratada na frase "um dia a
conta chega".
Niccolò
di Bernardo Dei Machiavelli foi um italiano que nasceu em 1469 e faleceu em
1527, tendo desempenhado, ao longo de sua vida, diversas funções que lhe
puseram em contato com a política, a diplomacia e a guerra, tendo vivenciado
estas situações tanto na Itália quanto em países vizinhos, na Europa. Para
saber mais sobre ele, clique aqui.
Vamos
lá?
1.
Como conquistar: Maquiavel, em seu livro "O Príncipe", listou algumas
formas pelas quais se conquistam os principados e dentre elas, principados
novos que se conquistam com as armas próprias e virtuosamente. Sobre este,
dentre tantas coisas interessantes que observou e transmitiu, destaco o que falou
sobre o uso da força; segundo ele, "todos os profetas armados venceram e
os desarmados fracassaram. Porque (...) a natureza dos povos é vária, sendo
fácil persuadi-los de uma coisa, mas difícil firmá-los nesta persuasão. (...)
quando não acreditarem mais, se possa fazê-los crer pela força". Na
liderança, obviamente você não utilizará a força bruta, mas em algum momento
talvez você tenha de usar a força de um cargo ou mesmo do cargo de outrem para
obter determinado resultado ou fazer com que se cumpra alguma determinação.
Entretanto, é mais sábio fazer com que a sua força seja a sua própria liderança
sobre o time e ter a certeza de que eles confiarão em sua capacidade e em suas
diretrizes; isto se conquista com muito trabalho duro, relacionamento com o
time e exemplos;
2.
As ofensas devem ser feitas todas de uma só vez: "por isto é de notar-se
que, ao ocupar um Estado, deve o conquistador exercer todas aquelas ofensas que
se lhe tornem necessárias, fazendo-as todas a um tempos só para não precisar
renová-las a cada dia e poder, assim, dar segurança aos homens e conquistá-los
com benefícios". Uma vez meu pai disse algo sobre o homem acostumar-se com
tudo, seja boa ou má condição; aqui, parece-me que Maquiavel aborda este
conceito, porém de forma mais elaborada, pois considera que, ao fazer o mal
todo de uma vez e fazendo o bem aos poucos, ao longo do tempo aumenta-se a
percepção de bondade e esquece o que de mal foi feito; do contrário, quando se
faz o bem todo de uma vez e, ao longo do tempo, toma-se ações impopulares,
aumenta-se a percepção de males sendo feito. Sendo assim, se você tiver de
tomar medidas impopulares, busque fazê-la de uma vez só - e se possível, tome
ações positivas em seguida: promoções, aumento de salário, um almoço em grupo,
etc.;
3.
Busque o apoio da massa: "mas sim pode se fazer bem ao povo, eis que o
objetivo deste é mais honesto daqueles dos poderosos, querendo estes oprimir
enquanto aquele apenas quer não ser oprimido. (...) a um príncipe é necessário
ter o povo como amigo pois, de outro modo, não terá possibilidades na
adversidade". Mensagem mais clara impossível, não? O discurso repousa em
sobre a quem agradar - a alguns poucos poderosos ou a muitos com pouco poder em
mãos - e é enfático: prefira a segunda opção. Na Liderança, faça o mesmo:
busque o apoio da maioria e, caso isto se choque contra o interesse de alguns
poucos poderosos, talvez seja interessante expor os interesses escusos que eles
têm e submetê-los a (des)aprovação popular, para arrefecer seu ímpeto;
4.
Das tropas mercenárias: "se alguém tem o seu Estado apoiado nas tropas
mercenárias, jamais estará firme e seguro, porque elas são desunidas,
ambiciosas, indisciplinadas, infiéis; galhardas entre os amigos, vis entre os
inimigos; (...) Querem muito ser teus soldados enquanto não estás em guerra,
mas, quando esta surge, querem fugir ou ir embora". Bem, esta eu poderia
traduzir como: lealdade não se compra. De nada adianta você ter em seu time
pessoas que não são comprometidas, não importa o quão talentosas, aptas, divertidas,
inteligentes, descoladas, etc., elas forem; sem comprometimento, na hora em que
você mais precisar, elas vão te deixar na mão e você não vai ter com quem
contar. Pude constatar que é melhor você ter alguém leal, mesmo que desempenhe
as funções com menor qualidade, pois a qualidade poderá vir com o tempo, já a
lealdade, esta é mais complicada, pois é evidência de caráter.
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